Histórico da Língua
A língua oficial de Cabo Verde é o Português.
Porém, a comunicação feita entre o
o povo faz-se em caboverdiano (crioulo). Meio que uni todos os
caboverdianos, este código foi feito pela união do português com as línguas das costas da
Guiné. O caboverdiano foi desde cedo uma língua franca sendo que, desde o
século XVI se expandiu para a costa africana onde se comerciavam vários
produtos. O crioulo foi utilizado como língua de ensino (catequização de
escravos), pelas próprias instituições religiosas portuguesas. De onde se
conclui da sua importância, desde muito cedo ,Cabo Verde, inserido na comunidade
de língua portuguesa, obviamente fez uma opção clara de união e de
estreitamento de relações entre falantes do mesmo código .
A história do crioulo cabo-verdiano é difícil de
traçar devido, primeiro, à falta de registos escritos desde a formação do
crioulo, segundo, devido ao repudio que
o crioulo sofreu durante a administração portuguesa.
Existem presentemente três teorias acerca da formação do crioulo
cabo-verdiano:
1. A teoria eurogenética defende que o crioulo foi feito pelos portugueses, de modo a torná-la acessível aos escravos
africanos. É o ponto de vista de alguns autores como Prudent, Waldman,
Chaudesenson, Lopes da Silva.
2. A teoria afrogenética defende que o crioulo foi formado pelos
escravos africanos, usando como base as gramáticas de línguas da África
Ocidental, e substituindo o léxico africano pelo léxico português. É o ponto de
vista de alguns autores como Adam, Quint.
3. A teoria neurogenética defende que o crioulo formou-se pela população
nascida nas ilhas, de forma espontanea, população nascida nas ilhas,
aproveitando as estruturas gramaticais inatas com as quais todo o ser humano
nasce. É o ponto de vista de alguns autores como Chomsky, Bickerton, que
explicaria porquê que os crioulos localizados a quilómetros de distância
apresentam estruturas gramaticais similares, mesmo sendo de base lexical
diferente. O melhor que se pode dizer é que nenhuma dessas três teorias foi
concludentemente provada.
Segundo A. Carreira, o crioulo cabo-verdiano ter-se-ia formado a partir
de um pidgin de base lexical portuguesa, na ilha de Santiago, a partir do séc.
XV. Esse pidgin seria depois transposto para a costa
Ocidental da África
através dos lançados. A partir daí, esse pidgin teria divergido em dois
proto-crioulos, um que estaria na base de todos os crioulos de Cabo Verde, e
outro que estaria na base do crioulo da Guiné-bissau.
Cruzando documentos referentes à colonização das ilhas com a comparação
linguística é possível conjecturar algumas conclusões. A propagação do crioulo
cabo-verdiano nas diversas ilhas foi feita em três fases: Numa primeira fase
foi colonizada a ilha de Santiago (2.ª metade do séc. XV), e em seguida a do Fogo (fins do séc. XVI).
Numa segunda fase foi colonizada a ilha de São
Nicolau (sobretudo na 2.ª metade do séc. XVII), e em seguida a de Santo Antão
(sobretudo na 2.ª metade do séc. XVII). Numa terceira fase, foram colonizadas
as restantes ilhas a partir de populações originárias das primeiras ilhas:
Brava foi colonizada a partir de populações do Fogo (sobretudo no início do
séc. XVIII), Boa Vista foi colonizada a partir de populações de São Nicolau e
Santiago (sobretudo na 1.ª metade do séc. XVIII), Maio foi colonizada a partir
de populações de Santiago e Boa Vista (sobretudo na 2.ª metade do séc. XVIII),
São Vicente foi colonizada a partir de populações de Santo Antão e São Nicolau
(sobretudo no séc. XIX), Sal foi colonizada a partir de populações de São
Nicolau e Boa Vista (sobretudo no séc. XIX).
O crioulo caboverdiano reveste-se também
de importância para o estudo diacrónico da língua portuguesa pelo fato do
crioulo ter conservado algum léxico, alguma fonologia e alguma semântica do
português dos sécs. XV a XVII.
Apesar do tamanho
territorial ser pequeno as nove ilhas desenvolveram uma forma diferente de falarem
o crioulo . Cada uma das formas é justificadamente um dialecto diferente, mas
os académicos em Cabo Verde costumam chamá-las de «variantes».
Essas variantes
podem ser agrupadas em duas grandes variedades. A Sul temos a dos de Sotavento
que engloba as variantes de Brava, Fogo, Santiago e Maio. A Norte temos a dos
de Barlavento que engloba as variantes de Boa Vista, Sal, São Nicolau, São
Vicente e Santo Antão. As autoridades linguísticas em Cabo Verde consideram o
crioulo como uma língua única, e não como línguas diferentes.
As variantes mais
importantes de um ponto de vista linguístico são as de Fogo, Santiago, São
Nicolau e Santo Antão, e qualquer estudo profundo do crioulo deve ter em conta
pelo menos estas quatro variantes. São as únicas ilhas que receberam escravos
diretamente do continente africano, e são as ilhas que possuem características
linguísticas mais conservadoras e mais distintas entre si.
De um ponto de vista
social as variantes mais importantes são as de Santiago e São Vicente, e
qualquer estudo l do crioulo deve se levar em conta pelo menos estas duas variantes. São
as variantes dos dois principais núcleos urbanos (Praia e Mindelo), são as
variantes com maior número de falantes.