domingo, 2 de dezembro de 2012

Histórico da Língua



                              
                          Histórico da Língua 
   A língua oficial de Cabo Verde é o Português. Porém, a comunicação  feita entre o o povo faz-se  em caboverdiano (crioulo). Meio que uni todos os caboverdianos, este código foi feito pela união  do português com as línguas das costas da Guiné. O caboverdiano foi desde cedo uma língua franca sendo que, desde o século XVI se expandiu para a costa africana onde se comerciavam vários produtos. O crioulo foi utilizado como língua de ensino (catequização de escravos), pelas próprias instituições religiosas portuguesas. De onde se conclui da sua importância, desde muito cedo ,Cabo Verde, inserido na comunidade de língua portuguesa, obviamente fez uma opção clara de união e de estreitamento de relações entre falantes do mesmo código .
      A história do crioulo cabo-verdiano é difícil de traçar devido, primeiro, à falta de registos escritos desde a formação do crioulo, segundo, devido ao repudio  que o crioulo sofreu durante a administração portuguesa.
      Existem presentemente três teorias acerca da formação do crioulo cabo-verdiano:
1. A teoria eurogenética defende que o crioulo foi feito pelos  portugueses,  de modo a torná-la acessível aos escravos africanos. É o ponto de vista de alguns autores como Prudent, Waldman, Chaudesenson, Lopes da Silva.
2. A teoria afrogenética defende que o crioulo foi formado pelos escravos africanos, usando como base as gramáticas de línguas da África Ocidental, e substituindo o léxico africano pelo léxico português. É o ponto de vista de alguns autores como Adam, Quint.
3. A teoria neurogenética defende que o crioulo formou-se pela população nascida nas ilhas, de forma espontanea, população nascida nas ilhas, aproveitando as estruturas gramaticais inatas com as quais todo o ser humano nasce. É o ponto de vista de alguns autores como Chomsky, Bickerton, que explicaria porquê que os crioulos localizados a quilómetros de distância apresentam estruturas gramaticais similares, mesmo sendo de base lexical diferente. O melhor que se pode dizer é que nenhuma dessas três teorias foi concludentemente provada.
  Segundo A. Carreira, o crioulo cabo-verdiano ter-se-ia formado a partir de um pidgin de base lexical portuguesa, na ilha de Santiago, a partir do séc. XV. Esse pidgin seria depois transposto para a costa
Ocidental da África através dos lançados. A partir daí, esse pidgin teria divergido em dois proto-crioulos, um que estaria na base de todos os crioulos de Cabo Verde, e outro que estaria na base do crioulo da Guiné-bissau.
 Cruzando documentos referentes à colonização das ilhas com a comparação linguística é possível conjecturar algumas conclusões. A propagação do crioulo cabo-verdiano nas diversas ilhas foi feita em três fases: Numa primeira fase foi colonizada a ilha de Santiago (2.ª metade do séc. XV), e em  seguida a do      Fogo (fins do séc. XVI).
  Numa segunda fase foi colonizada a ilha de São Nicolau (sobretudo na 2.ª metade do séc. XVII), e em seguida a de Santo Antão (sobretudo na 2.ª metade do séc. XVII). Numa terceira fase, foram colonizadas as restantes ilhas a partir de populações originárias das primeiras ilhas: Brava foi colonizada a partir de populações do Fogo (sobretudo no início do séc. XVIII), Boa Vista foi colonizada a partir de populações de São Nicolau e Santiago (sobretudo na 1.ª metade do séc. XVIII), Maio foi colonizada a partir de populações de Santiago e Boa Vista (sobretudo na 2.ª metade do séc. XVIII), São Vicente foi colonizada a partir de populações de Santo Antão e São Nicolau (sobretudo no séc. XIX), Sal foi colonizada a partir de populações de São Nicolau e Boa Vista (sobretudo no séc. XIX).
      O crioulo caboverdiano reveste-se também de importância para o estudo diacrónico da língua portuguesa pelo fato do crioulo ter conservado algum léxico, alguma fonologia e alguma semântica do português dos sécs. XV a XVII.
      Apesar do tamanho territorial ser pequeno as nove ilhas desenvolveram uma forma diferente de falarem o crioulo . Cada uma das formas é justificadamente um dialecto diferente, mas os académicos em Cabo Verde costumam chamá-las de «variantes».
     Essas variantes podem ser agrupadas em duas grandes variedades. A Sul temos a dos de Sotavento que engloba as variantes de Brava, Fogo, Santiago e Maio. A Norte temos a dos de Barlavento que engloba as variantes de Boa Vista, Sal, São Nicolau, São Vicente e Santo Antão. As autoridades linguísticas em Cabo Verde consideram o crioulo como uma língua única, e não como línguas diferentes.
    As variantes mais importantes de um ponto de vista linguístico são as de Fogo, Santiago, São Nicolau e Santo Antão, e qualquer estudo profundo do crioulo deve ter em conta pelo menos estas quatro variantes. São as únicas ilhas que receberam escravos diretamente do continente africano, e são as ilhas que possuem características linguísticas mais conservadoras e mais distintas entre si.
   De um ponto de vista social as variantes mais importantes são as de Santiago e São Vicente, e qualquer estudo l do crioulo deve se levar  em conta pelo menos estas duas variantes. São as variantes dos dois principais núcleos urbanos (Praia e Mindelo), são as variantes com maior número de falantes.

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